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Monday, April 12th, 2021

    Time Event
    10:28p
    Vibra do cio subtil da luz,

    Meu homem e afã!

    Vem turbulento da noite a flux

    De Pã ! Iô Pã !

    Iô Pã ! Iô Pã ! Do mar de além

    Vem da Sicília e da Arcádia vem!

    Vem como Baco, com fauno e fera

    E ninfa e sátiro à tua beira,

    Num asno lácteo, do mar sem fim

    A mim, a mim!

    Vem com Apolo, nupcial na brisa

    (Pegureira e pitonisa),

    Vem com Artémis, leve e estranha,

    E a coxa branca, Deus lindo, banha

    Ao luar do bosque, em marmóreo monte,

    Manhã malhada da âmbrea fonte!

    Mergulha o roxo da prece ardente

    No ádito rubro, no laço quente,

    A alma que aterra em olhos de azul

    O ver errar teu capricho exul

    No bosque enredo, nos nós que espalma

    A árvore viva que é espírito e alma

    E corpo e mente — do mar sem fim

    (Iô Pã! Iô Pã!),

    Diabo ou deus, vem a mim, a mim!

    Meu homem e afã!

    Vem com trombeta estridente e fina

    Pela colina!

    Vem com tambor a rufar à beira

    Da primavera !

    Com frautas e avenas vem sem conto!

    Não estou eu pronto?

    Eu, que espero e me estorço e luto

    Com ar sem ramos onde não nutro

    Meu corpo, lasso do abraço em vão,

    Áspide aguda, forte lião —

    Vem, está vazia

    Minha carne, fria

    Do cio sozinho da demonia.

    À espada corta o que ata e dói,

    Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!

    Dá-me o sinal do Olho Aberto,

    E da coxa áspera o toque erecto,

    E a palavra do Louco e do Secreto,

    Ó Pã! Iô Pã!

    Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã,

    Sou homem e afã:

    Faze o teu querer sem vontade vã,

    Deus grande! Meu Pã!

    Io Pã ! Iô Pã ! Despertei na dobra

    Do aperto da cobra.

    A águia rasga com garra e fauce;

    Os deuses vão-se;

    As feras vêm. Iô Pã ! A matado,

    Vou no corno levado

    Do Unicornado.

    Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã !

    Sou teu, teu homem e teu afã,

    Cabra das tuas, ouro, deus, clara

    Carne em teu osso, flor na tua vara.

    Com patas de aço os rochedos roço

    De solstício severo a equinócio.

    E raivo, e rasgo, e roussando fremo,

    Sempiterno, mundo sem termo,

    Homem, homúnculo, ménade, afã,

    Na força de Pã.

    Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã! Iô Pã!

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